A Apple enfrenta desafios sem precedentes na área da IA em 2025. Explora os problemas da Apple Intelligence, as vantagens do Neural Engine e o potencial futuro da empresa.
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A Apple, a empresa mais valiosa do mundo, enfrenta hoje um desafio sem precedentes, que é a revolução da IA. Apesar dos seus recursos massivos e do talento incomparável, porque está a gigante tecnológica a ficar para trás na corrida pela IA? Este artigo analisa o estado atual da Apple no ecossistema da IA, os seus desafios e as oportunidades que ainda pode aproveitar.
Os Recentes Fracassos da Apple
A Apple não está a ter uma grande semana. Há informações recentemente filtradas que revelam que a empresa está a perder mil milhões de dólares por ano com a Apple TV+, apesar de contar com produções excelentes como “Silo“, mas os problemas vão muito além do streaming.
Quais os outros projetos ambiciosos da Apple que também enfrentam dificuldades?
- Apple Car: O projeto do automóvel Apple, aguardado por muitos, que foi oficialmente cancelado.

- Apple Vision Pro: O headset de realidade mista, apesar da sua tecnologia avançada, não conseguiu justificar o seu elevado preço (a partir de 4.000,00 €) face a alternativas como os Meta Quest 3 (a partir de 549,00 €).

- Apple Intelligence (AI): E também no ano passado, na World Wide Developers Conference, WWDC, foi anunciada com grande aparato a AI. Contudo, esta suite de ferramentas de IA continua a sofrer atrasos significativos.

A Decepcionante Campanha de Marketing
A campanha publicitária da Apple Intelligence tem sido surpreendentemente fraca. O Genmoji, o Papagaio de Paleta e o Cachorro-Quente representam alguns dos piores exemplos do que supostamente seria a IA aplicada à publicidade. É como se toda a equipa de marketing de qualidade da Apple tivesse sido substituída por uma empresa de qualidade inferior.
18 Anos de iPhone
O iPhone, que revolucionou a forma como interagimos com a tecnologia, completou recentemente 18 anos de existência. Esta ferramenta transformou a indústria dos smartphones, a forma como consumimos conteúdo e o desenvolvimento de software.
No entanto, estudos mostram uma correlação entre a utilização intensiva dos smartphones, aplicações e redes sociais com a redução da capacidade de leitura, escrita, matemática e atenção plena.
A Era Tim Cook
É fácil culpar Tim Cook (atual CEO da Apple Inc.) pelos problemas atuais da Apple, mas os números contam uma história diferente.
Desde que assumiu o controlo da Apple em 2011 (sucedeu a Steve Jobs):
- A ação da Apple subiu imenso.

- O iPhone tornou-se um dos gadgets mais vendidos do mundo.
- O iPad redefiniu e dominou a categoria de tablets.
- Os MacBooks Pro com chips M estabeleceram-se como os melhores portáteis do mercado.
- A Apple tornou-se a empresa mais valiosa do planeta, só ultrapassada pontualmente pela NVIDIA.
A realidade é que a Apple sob o controlo de Tim Cook não é um fracasso financeiro, pelo contrário. O MacBook Pro moderno, particularmente com os chips da série M, representa o que há de melhor em termos de portáteis, sem qualquer concorrente que se aproxime em termos de desempenho, eficiência e experiência de utilização.
O Ecossistema Apple e o Desenvolvimento de Software
A indústria de desenvolvimento de software continua a depender fortemente do ecossistema Apple. Em Silicon Valley, o macOS continua a ser o sistema operativo preferido dos programadores e designers que podem escolher livremente a sua plataforma de trabalho.
Apple Intelligence
As promessas da Apple Intelligence eram ambiciosas:
- Entender o Contexto Pessoal: Analisar notificações como “já aterrei” e relacionar automaticamente com o email onde tens o voo e, assim, mostrar-te o estado do mesmo.
- Parceria com a OpenAI: Integração profunda com modelos avançados de IA.
- Conhecimento do Conteúdo do Ecrã: Poder entender o que o utilizador esrá a ver no ecrã e realizar ações relacionadas.
- Parceria com a OpenAI: Integração profunda com modelos avançados de IA.
- Experiência do Utilizador revolucionária: Uma nova forma de interagir com o iPhone.
No entanto, a realidade tem sido uma sucessão de atrasos e promessas não cumpridas. Como utilizador, já notaste alguma melhoria significativa nas capacidades da IA do teu iPhone? A maioria das pessoas responderá “não“.
A Vantagem Tecnológica da Apple
Apesar dos contratempos, a Apple possuía vantagens tecnológicas significativas que podem ser decisivas na corrida pela IA:
O Que é Realmente a Inteligência Artificial?
Na sua essência, a IA baseia-se na multiplicação das matrizes de forma paralela, por isso utiliza GPUs para processamento gráfico.
Mas existem processadores especializados, que não sirvem só para fazer processamento paralelo como o dos chips gráficos, eles tamém estão desenhados para as operações de retropropagação e de multiplicação e transformação das matrizes, que é álgebra linear, que é o que utiliza a IA.
O Google já tem as TPUs (Tensor Processing Units). A NVIDIA já está a desenvolver chips específicos para a IA (GH200 Grace Hopper). E este é o motivo pelo qual a revolução atual é possível.
A Arquitetura Única da Apple
A Apple desenvolveu duas tecnologias cruciais:
- Neural Engine: Um processador especializado para IA integrado nos chips da série M.
- Arquitetura de Memória Unificada: Uma solução elegante que permite partilhar RAM entre:
- CPU para executar o sistema operativo.
- GPU para executar jogos ou renderizações ou efeitos especiais ou IA.
O mais recente chip M4 eleva estas capacidades a um novo patamar, com um motor neural capaz de realizar 38 triliões de operações por segundo.
A Concorrência Acelera
A OpenAI já não domina sozinha o mercado de IA. O surgimento do DeepSeek, um modelo chinês open source, abriu novas possibilidades:
Modelos destilados: Versões simplificadas dos modelos, ou seja, que usam menos recursos para executar, não têm tanta precisão.
Capacidade de raciocínio: O DeepSeek-R1 “pensa em voz alta” (cria tokens) antes de responder, o que o faz quase tão inteligente como o modelo o1 da OpenAI.
O Diferencial Potencial da Apple
O Alex Cheema demonstrou a possibilidade de executar modelos avançados como o DeepSeek em infraestruturas locais, utilizando vários Mac Minis ou Mac Pros em paralelo para criar supercomputadores caseiros e isto é possível devido à arquitetura de memória unificada da Apple.
Este tipo de execução local de modelos de IA representa exatamente a direção que a Apple prefere de processamento no dispositivo em vez de na nuvem, o que privilegia a privacidade.
Mudanças Internas
E apesar destas vantagens, a Apple continua detrás do lançamento da Apple Intelligence e continua sem conseguir apresentar um produto de qualidade.
Assim sendo, a Apple recentemente removeu John Giannandrea do cargo de chefe de IA, substituindo-o por Mike Rockwell, anteriormente diretor das Vision Pro. Esta mudança levanta questões:
- Porque escolher o responsável por um produto com sucesso comercial limitado?
- Que capacidades específicas traz Mike para a divisão de IA?
As Vision Pro não foram um êxito, mas, pelo menos, são um gadget muito avançado, que utiliza certas características de Computer Vision e IA aplicadas.
O Problema da Siri
É importante relembrar que a Siri não é uma criação original da Apple, mas uma aquisição feita em 2010 por 200 milhões de dólares, na altura ela era um chat. Desde a sua atualização com a Apple Intelligence, muitos utilizadores reportam que a assistente parece menos capaz do que antes.
Uma experiência simples divulgada online demonstra isto. Pergunta à Siri “que dia é hoje” e ela responde corretamente e depois pergunta-lhe “que mês é” e ela não consegue responder. Esta degradação de funções básicas é preocupante.
O Potencial Inexplorado
Apesar dos desafios, a Apple mantém vantagens significativas:
Recursos Financeiros Incomparáveis
Com 140 mil milhões de dólares em cash, a Apple tem recursos para adquirir qualquer tecnologia necessária.
Para contextualizar, a recente aquisição da Wiz pelo Google por 32 mil milhões de dólares, que é considerada a maior compra em cibersegurança da história. Isto representa apenas uma fração do que a Apple tem disponível.
Desempenho Surpreendente em Hardware Existente
Os testes demonstram que os processadores M2 Ultra da Apple já conseguem executar o DeepSeek-V3 a 17 tokens por segundo, uma velocidade impressionante para a criação de texto por IA. E isto em hardware de segunda geração, quando já estamos na quarta.
A Visão da Apple Pode Prevalecer?
À medida que a tecnologia avança, é cada vez mais provável que muitos modelos de IA sejam executados localmente nos dispositivos, por duas razões principais:
- Segurança e privacidade: O processamento local protege os dados do utilizador.
- Eficiência: Nem todas as tarefas requerem os modelos mais avançados e pesados.
Esta tendência alinha-se perfeitamente com a filosofia da Apple de priorizar a privacidade e a experiência no dispositivo.
Uma Luz ao Fundo do Túnel?
A verdadeira notícia positiva pode estar na hierarquia organizacional, Mike Rockwell reporta diretamente a Craig Federighi, vice-presidente de software da Apple e responsável por iOS, macOS, Xcode e Swift.
O Craig é amplamente reconhecido pelo seu profundo conhecimento de software, o que pode ser determinante para dar um novo rumo à estratégia de IA da Apple.
No entanto, o tempo é crucial. Na indústria da IA, o progresso de um mês equivale a 10 anos em qualquer outro setor. A Apple pode ainda recuperar terreno, mas não pode dar-se ao luxo de ficar para trás.
Conseguirá a Apple ultrapassar estes obstáculos e reafirmar-se como líder em inovação? Estará o futuro da IA nos dispositivos em vez da nuvem? O que achas que a Apple deveria fazer para recuperar o seu lugar na vanguarda da IA? Deixa a tua opinião nos comentários e vemo-nos no próximo artigo.
